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O Brasil encerrou o primeiro semestre de 2024 importando cerca de 2,38 mil toneladas de carne ovina (Figura 1), valor próximo à média histórica do período e o maior desde 2018. Na média, entre 2006 e 2019 eram importadas cerca de 3,0 mil toneladas de carne ovina na primeira metade do ano, mas de 2020 a 2023 esse número caiu para 1,5 mil toneladas. Esse resultado pode indicar uma inversão na tendência de redução das importações brasileiras de carne ovina.

Figura 1 – Volume (ton.) das importações brasileira de carne ovina por semestre

Fonte: Comexstat adaptado por Via Agro.

Peças não desossadas e congeladas continuam sendo a principal forma importada de carne ovina pelo Brasil (Figura 2), porém sua participação em termos relativos no primeiro semestre de 2024 foi consideravelmente baixa se comparada com o mesmo período de anos anteriores. Por outro lado, os cortes sem osso e congelado aumentaram sua participação porcentual nas importações, apesar de continuarem representando pouco mais de 18% do volume total.

Figura 2 – Importação de carne ovina por apresentação do produto

Fonte: Comexstat adaptado por Via Agro.

A substituição das importações de cortes com osso por peças sem osso pode ter relação com o preço unitário de cada produto. Nos meses de maio e junho de 2024 tanto os cortes com osso como os desossados, que vinham apresentando uma série de quedas de preço, tiveram seus preços ajustados e as peças com osso tiveram maior valorização. Com isso, a diferença de preço entre os dois tipos de cortes reduziu consideravelmente, de modo que a participação de cortes desossados nas compras aumentou.

Tabela 1 – Variação (%) do preço dos cortes de carne ovina importada segundo o tipo de corte

Tipo de corteJun.23-Jun.24Mai.23-Mai.24
Com osso4,4%8,8%
Desossado2,9%3,9%
Fonte: Comexstat adaptado por Via Agro.

Segundo dados do Instituto Nacional da Carne, o abate uruguaio de ovinos, principal fornecedor brasileiro, apresentou uma redução, considerando todas as categorias, de 44,0% entre janeiro e maio de 2024 em comparação com 2023. No entanto, com menor demanda internacional, as exportações de carne ovina do Uruguai no mesmo período tiveram uma queda de 36,6%. A China, principal destino da carne ovina uruguaia nos primeiros meses de 2022 e 2023, reduziu suas compras em 77,0% em 2024, deixando o Brasil como principal comprador do produto no primeiro semestre de 2024.

Outro ponto importante sobre o mercado uruguaio com potencial para afetar as importações brasileiras de carne ovina, é valor pago pelo cordeiro para abate no país vizinho. O preço pago pelos frigoríficos uruguaios que estava em queda desde meados de 2022, tem se valorizado desde abril de 2024 e já está em patamares acima do mesmo período de 2023.

Historicamente, o primeiro semestre é responsável por cerca de 41,6% do volume importado pelo Brasil de carne ovina e por 40,1% do valor das compras. Além disso, a partir do terceiro trimestre há um aumento sazonal no preço do produto. Assim, espera-se para os próximos meses um possível aumento tanto no volume como nos preços da carne ovina importada pelo Brasil. Questões como demanda internacional e valor do preço do cordeiro uruguaio para abate terão impacto direto nesses valores.

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